domingo, 16 de junho de 2013

Como nasceu o Chá com Cinema?

 

Chá com cinema I s de 2013

É inevitável que esta primeira postagem se preste a explicar a que se destina este blog e o que é exatamente o projeto chá com cinema. Bem, responderei, tentando ser o mais sucinto possível, a essas duas questões.

Há anos, alguns amigos e eu, vínhamos alimentando a ideia de montarmos um grupo de estudos da história do cinema, onde pudéssemos apreciar as origens da sétima arte, fugindo um pouco do bombardeio de estímulos proporcionado pelos esquemas industriais do marketing hollywoodiano. Não que não assistamos a esses filmes, pois como apaixonados por cinema, apreciamos também os filmes contemporâneos, e tentamos acompanhar, na medida do possível, os lançamentos mais recentes não só do cinema americano, mas também (leia-se principalmente) a filmes europeus, asiáticos e latino-americanos. No entanto, percebemos que com as novas mídias de acesso a informação disponíveis, a quantidade de filmes que chegam ao nosso conhecimento, condicionam-nos compulsivamente a “consumi-los” e com o tempo vamos deixando de lado o passado (acho que a maioria das pessoas fazem isso), “esquecendo” de olhar um pouco para trás, e mergulhar na fonte da sétima arte. Como esses filmes estão constantemente sendo relançados a cada nova tecnologia de armazenamento, VHS, DVD, blue-ray, tornaram-se acessíveis a todos independentemente do lugar onde vivemos.

Para colagem

Bem, aí tenho que tratar de outro assunto que contribuiu muito para efetivarmos o nosso grupo. Como moramos numa cidade do interior do Ceará, que há décadas não possui uma sala de cinema, e mesmo as duas salas existentes numa cidade próxima estão fechadas há anos para reformas no shopping, sentimo-nos órfãos da sala escura. “É agora ou nunca!” Com uma caixa de som, um projetor, um aparelho de DVD, um notebook e alguns livros a disposição, criamos o nosso cinema, chamado com o maior orgulho de Cine Chaplin, que funciona na casa deste que vos escreve. E a cidade, que quase esqueci de dizer, Brejo Santo, está para ganhar um cine cultural (estamos aguardando!).

As nossas sessões começaram quentes (em todos os sentidos): grandes filmes, ótimas conversas e... chá gelado pra passar o calor do semiárido nordestino. Numas dessas conversas, nosso colega Valdir Estrela teve a sacada de chamar nossas sessões de chá com cinema. Claro, pegou de imediato. E assim nos referimos sempre a esses prazerosos encontros do sábado à noite. Os outros companheiros irei apresentando ao longo das postagens, mas não posso deixar de mencionar um membro especial desse grupo, minha esposa Sandra, que além de apreciadora do cinema, é quem faz o nosso chá (maravilhoso!!!).

E o blog? Vai ser uma extensão das nossas conversas. Queremos usar esse espaço para postarmos nossas opiniões sobre os filmes que há mais de um ano estamos assistindo. Entendemos também que esse instrumento pode ser um incentivador para que outras pessoas possam conhecer esses filmes, e quem sabe, montarem projetos semelhantes. A ideia é compartilharmos nosso amor pelos filmes, especialmente esses a que nos dedicamos a assistir e que precisam ser revalorizados, ressignificados, e muitas vezes, lamentavelmente, ressuscitados.

Para colagem 2

Acho que já respondi as questões que propus acima. Então vamos a próxima: Por que assistir a filmes antigos, “clássicos”? Primeiramente pelos mesmo motivos que devemos ouvir os clássicos (Mozart, Beethoven, Bach, etc.), ler os clássicos (Homero, Shakespeare, Machado de Assis, entre outros). Se usamos a arte como fonte de aprendizado, esses são os professores dos nossos professores. Se usamos como mera diversão, esses são os responsáveis pelas inovações que nos causam a sensação de prazer. O cinema continua criando, inventando novos mundos, novas técnicas. Sabemos disso, e nos entusiasmamos com isso, pois a evolução da arte cinematográfica era o que certamente Griffti, Chaplin, Melies, Keaton queriam, e fizeram. Mas se não olharmos para o que já foi feito, corremos o risco que atribuir mérito de criadores a pessoas que continuam (e isso não é pouco) o esforço de gênios que com poucos recursos, estabeleceram a estrutura narrativa, as técnicas de edição, decupagem, roteirização, e mais importante, conquistaram o público da sétima arte, legando-nos uma riqueza incalculável. O cinema é arte do século XX, o século em que os fatos históricos foram documentados pelas câmeras dos cineastas, e ganharam um significado simbólico que será a documentação mais significativa desse período. “Uma imagem fala mais que mil palavras”, assim podemos resumir.

Para colagem 3

A partir da próxima postagem, vamos falar um pouco sobre os filmes que já assistimos ao longo desse um ano e meio de encontros e posteriormente vamos nos ater apenas ao filme da semana, onde exporemos mais detalhadamente nossas opiniões à respeito da obra. Com o passar do tempo também iremos apresentar sugestões de leitura sobre cinema, entre outras coisas. Até a próxima postagem!