Nossa aventura em busca das
origens do cinema, estudando os clássicos que contribuíram para estabelecer a
linguagem do cinema continuou em 2017. Nossas reuniões de debate foram poucas,
mas produtivas. Não só as que fizemos depois das sessões, mas em outros
momentos em que conversamos sobre os filmes “antigos” que estávamos
conseguindo, garimpando em busca de tesouros que antes pareciam impossíveis.
Aliás, é nesse sentido que escrevo essas linhas.
Há
trinta anos, quando comecei ainda adolescente a “carreira” de cinéfilo - bem,
acho que quando você começa a ver novamente os filmes das videolocadoras porque
já não há mais inéditos; quando você começa a comprar aqueles guias de filmes
tipo 500 melhores filmes de todos os tempos, lendo as fichas técnicas, sinopses,
observando o nome dos atores que já conhecia; fazendo assinatura de revistas
sobre cinema; e principalmente, quando você começa a anotar os títulos de todos os filmes que
assiste (comecei a fazer isso em 1983), Ufa! Acho que você está se
transformando em um cinéfilo. Bem, como dizia, desde muito jovem senti-me
apaixonado pelo cinema e pelo que ele poderia me proporcionar enquanto
experiência cognitiva e sensitiva. Mesmo limitado pela falta de acesso a todos
os filmes que queria assistir.
Nessa
época era muito difícil conseguirmos ver os filmes clássicos e nem precisavam
ser tão antigos assim. Não havia streaming, TV a cabo ou DVDs, nenhuma mídia
digital que facilitasse o compartilhamento; e diga-se, em minha cidade a sala
de cinema deixou de ser opção devido ao desabamento da última que ainda
funciona durante a década de oitenta. Assistir a filmes tinha que ser na TV
aberta ou, como já citei, recorrendo as videolocadoras, que obviamente
abasteciam as prateleiras com filmes mais recentes, blockbusters, com maior
chace de serem locados. Eram raros os filmes de décadas mais remotas, exceção
feita a suprassumos que pertencem a cultura pop como O poderoso chefão, Era uma
vez no Oeste ou O exorcista.
Comecei
a ter acesso a filmes das primeiras décadas do cinema e também a filmes
produzidos fora da produção de mercado hollywoodiana com a TV Cultura, que com
programas como o Mostra de cinema
internacional, começou a me proporcionar a chace de ver filmes como a versão de
1939 de O corcunda de Notre Dame e O Encouraçado Potenkin, de Serguei
Einsentien (falarei mais desse ícone do cinema na próxima postagem).
Sendo
assim, havia um sério risco de nunca conseguir alguns filmes que lia tanto a
respeito. Com é óbvio para todos, a realidade agora é outra. Pode-se sair da
teoria e mergulhar na experiência de vermos praticamente a qualquer filme que
desejarmos. Nos últimos anos, também devido ao fato de termos criado esse grupo
de estudo que chamamos de Chá com cinema, tenho visto muitos desses filmes, não
só durante as sessões do Chá com cinema, mas isoladamente a partir de conversas
sobre o nosso amor pela sétima arte. É natural que ao vermos um filme clássico que
tenhamos gostado, pela referência cruzada procuremos ver os outros filmes do
mesmo diretor, atores e produtores ou até mesmo um que faça parte daquele
movimento cinematográfico.
Em
2017 vi vários desses filmes desejados há muito tempo. Vou citar aqui alguns
apenas, que emblematicamente representam filmes que sempre desejei ver e
consegui no ano passado. Desses, alguns são bem antigos, como Drácula (versão
de 1931), outros nem tanto, mas simbolizam todos eles essa busca para
recompensar o tempo perdido, ou para celebrar a oportunidade que agora tenho.
São eles:
Em
2018, nas sessões do Chá com cinema me imporei dois desafios: ver dois filmes a
cada mês que representam o cinema das primeiras décadas do século XX e
fazermos um estudo sobre as correntes e movimentos cinematográficos, em que,
uma vez por mês, vamos assistir a um filme que os representa artística e
ideologicamente. Começaremos com o movimento Dogma 95 e o filme Festen, de Thomas Vinterberg.
Bons
filmes!
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